sexta-feira, 28 de março de 2014

Silêncio

O Silêncio diz muito,
do muito que o Silêncio não diz
Carregado de mitos
Pinta minh´alma com giz
Um dia (...)
O doido vento chegou
E meus sonhos  apagou!




Ofélia Cabaço


2014-03-27

quarta-feira, 26 de março de 2014

Longa Espera


No laranjal se escondeu o Sol

Num dia depois de outro, esqueceu-se!

Não pintou as macieiras

Vestidas de cor malva anseiam o rubro

É ele, pintor dos pintores, fôlego

Da minha poesia, doirador de sonhos

E quimeras (…) suas cores!

Namorado eterno de Primaveras

Atrevidas, viçosas, com cio e clamor

Telas suas são pomares do meu reino

Luz ardente de planícies e searas

Pintor de esperanças minhas

Repoiso de eloquentes amores

É o Sol um amor eterno, esquecido

Dos dias que houvera, subtilmente

Pinta minh´alma de roxo

Deixa apenas a romã, solitária,

Numa longa e cansada espera…,

Até que o Verão apareça.

 

Ofélia Cabaço

204-03-26

 

quarta-feira, 19 de março de 2014

A Tarde,

Caía melancólica a tarde

O sol despedia-se carente de ti

No teu lugar a sombra de mim

Perguntava-me, de onde vim?

Havia cheiro a feno,

Mas, e tu? Onde estás?

O milheiral sedento

Ondulava dolorosamente,

A pradaria escutava o teu silêncio

E o cheiro a feno teimava

Numa cruel doudeira

Ah! quem me dera ter asas,

Procurar-te para além do fim

Encontrar-te no tempo findo

Esperar a gélida madrugada

Chamar-te à beira do mundo

Ouvir o eco desesperado

Da tua voz longínqua, o teu abraço

E o meu, num só, ao cair da tarde!

 

Ofélia Cabaço 

2014-03-19

 

sábado, 15 de março de 2014

De Ti, o Espaço!

Quando contemplo o Espaço,
O abstrato e o silêncio falam de ti,
Dizem caladamente que és divino,

Para te amar até ao infinito dizem,
E mais ciciam, para correr para ti
Como das nascentes as águas correm
Atalhos sinuosos até ao mar imenso (...)
 
Depois a primavera toca a minha alma
São o gorgolejar das aves que bebem
A manhã fulgurosa,
São aromas de incensos e rosas,
E as borboletas que escutam, também
Elas, saltam e redopiam e sussurram,

Sou eu possuída de amor que desenho
No espaço o Amor…..
Quando a natureza adormece, sou eu não,
E também não sei de ti,
É a melancolia que me abraça numa
Amizade piedosa! São as folhas
Envelhecidas que despem as árvores,

És tu, eu, e nada mais!

 
Ofélia Cabaço
2014.03.15










quarta-feira, 5 de março de 2014

O CHORO


No sótão de minha casa

Gemia um pássaro sem asa

A noite medonha, muito escura

Assustava,

Chovia a jorros e o vento açoitava

Eu tremia, com imaginação obscura

Subi a escada velha e o receio acrescentava

Depois o sótão, teias e aranhas

O baú desbotado escondia o pássaro

Quieto, desamparado, gemia com dor!

Não tinha asa, era belo seu bico raro,

Peguei-lhe e ciciei calma (…)

O chapéu do avô morto foi ninho

Como conforto de minha Alma,

Desci, lívida de tormentos e anseios

Adormeci com sons nos vidros da janela

Era a chuva, agoniada com o barulho dela!

 

Ofélia Cabaço

2014-02-6

 

 

 

 

Aquele Mundo


Aquele mundo!

Longo e tão pequeno, inusitado

O mundo que não é visitado,

Uma procura incessante (..)

E as sombras inquietantes

Sem piedade inclinam as flores

Rostos desfigurados e a saudade

Dos abraços de imperfeitos amores

Semblantes de brisa gélida, a manhã

De todos os dias e a noite que vem

Ela mesma fria também,

Oh silêncio, meu abusado amigo

Diz-me algo no calado do teu abrigo

Dissipa minhas mágoas, assim calado,

E, nas tardes cálidas não me abandones!

 

Ofélia Cabaço

 

2014-03-05