Lembro-me
do banco verde
Junto
ao canteiro das azálias
No
jardim da minha infância
O
jardineiro plantava flores, atento,
Assistia
ao florescimento das dálias,
Hortenses
e alecrim
Elevado
e de encontro ao firmamento
O
busto de Antero absorvia os aromas,
Fragrâncias
isoladas, ali e só ali…
Semblante
altivo enunciando esplendor
Duma
vida breve…
Príncipe
na Terra que o brotou
Além
e para todo o Além Rei e Poeta
Ouvindo
a voz que me atiça
E
às vezes o coração me despedaça
Olhava
sentada naquele banco verde o poeta
O
meu olhar exauria admiração
Talvez
paixão fosse o altar da minha contemplação
Fazia
versos rabiscados no meu caderno
Pensava
obscuros…
Aquele
seu olhar era terno
Na
paz duradoura do silêncio
Enchia
minh´alma de júbilo
O
velho gritava, enxotava, alguém que não eu,
Pisara
as flores…
Assustadas,
as aves esvoaçavam à roda do busto,
O
jardineiro bracejava indignado
Desmanchando
um fantástico circulo, poético e libertador
Instante
indesejado percorreu o poema
E,
mansamente, o Sol deu lugar à brisa
Não
muito longe, o mar saudava a muralha
As
árvores dançavam ao som das brancas ondas
No
banco verde do jardim, junto ao canteiro das dálias,
Eu
meditava o amor e a dor…
Compreendi
as estações do ano
O
relevo de cada uma eu entendi,
Fingi
não perceber o versus
Inocentemente, escolhi e amei o outono…
O
tempo era imenso
Como
imenso foi o abandono
Uma
peregrina luz o dia fortalecia
Mas
a noite minh´alma amortecia.
Ofélia
Cabaço
2015-06-06
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