Uma reunião de amigos que percebem o que
pensamos, o que fazemos e o que gostamos na realidade. Hoje aconteceu durante
um magnífico aconchego com troca de opiniões, receios passados, medos do hoje,
desesperança no futuro, recordações de regras e ensinamentos que nos fizeram
ser as pessoas que somos. Para mim foi um sucedâneo de emoções e recordações
que em tempos foram de um rigor exagerado, mas, que contribuíram para um ponto
mais ou menos pérola.
Senti que a minha Pátria é o meu berço
temporário aqui na Terra, sei que se chama Portugal uma vez que, a Pátria que
me espera existe na eternidade. Tento fazer coisas que tenham alguma utilidade
para o “outro”, começando obviamente por mim, p´la minha mente, por deveres
que, não são razão, mas sim essência.
Não gosto de imposições e certamente não é por
ser arrogante, é somente porque não tenho a mínima paciência para fazer o que a
maioria “acha bem”, quando esta mesma maioria, não concebe o “acha” e o “bem”.
Muitas pessoas não precisam sequer falar para que eu perceba que o meu sentir e
a minha retórica, não lhes interessa para nada. Não obstante, eu, que sou uma
“chata”, tenho que ouvir as mais banais e repetidas conversas acerca do
“esperto” que resolve tudo com uma indiferença tão calculista e fria que chega
a arrepiar. Por tudo isto tenho a boa disposição de partilhar a minha
satisfação no convívio desta tarde com gente que fala, escuta e avalia.
Tal como o moinho do milho que torna os grãos
em farinha, muitas vezes a minha alma mói pertinazmente o que a faz ensombrar
manifestamente para a infelicidade.
Esta tarde, a minha mente foi arejada de
coisas boas, de conselhos, algumas reprimendas, e ainda de doses suaves de
reconhecimento. Que bom!
No começo da noite percebi que os manjericos
do meu jardim orgulhavam a mão que os trata e mima, fizeram as hortenses azuis
chorarem confetes, que se espalharam coloridamente em torno de nós. Encheram o
ar de cheiros e contentamentos. As estrelas piscavam na abóboda elevada ao
povoado, numa envolvência luminosa de harmonia e paz espiritual. Agradeci a
Deus a capacidade que me deu para apreciar as várias metamorfoses que a
natureza produz imutavelmente, assim como o sentimento de me deixar conduzir
pela beleza das pequenas coisas.
Pensei em África, falamos sobre o feitiço que
África proporciona com as suas cores e sons a cada Ser que lá nasce.
Depois, no que poderíamos fazer para ajudar
aqueles povos a viverem e usufruírem, p´lo menos, com a riqueza que aquelas
terras oferecem a nível natural e não só.
Foi uma tarde enriquecedora. Amei.
Vou ler o meu livro “ Os Dabney”, estou
encantada por entrar no século dezanove e perceber o que acontecia nas ilhas
naquela época. Descobri que Mark Twain na sua grande viagem p´lo mundo, parou
na ilha do Faial, e como sabemos ele escreveu muito durante toda aquela viagem;
A sua descrição foi a de que, os ilhéus eram moles, preguiçosos e pouco
ambiciosos para além de desconfiados. Mark Twain escreveu a pior opinião que
alguém pode ter acerca dum povo. Não gostei muito, sinceramente, mas, mais adiante,
percebi que aquele pensamento não era muito credível na medida em que outros
personagens com craveira intelectual, politica e médica disseram exatamente o
contrário. Durante a guerra Liberal/Absolutista as ilhas foram de uma força e
capacidade de querer e resolver do mais épico possível.
Vou continuar a ler e babar-me com toda
aquela azáfama de uma família americana a viver na pequenina, verdejante e
sossegada ilha do Faial pespontada com um mar por vezes enfurecido ao ponto de
os barcos ficarem ao largo da baía durante vários dias à espera que o temporal
amainasse. Não me importaria nada de ser um farol naquelas paragens.
Ofélia Cabaço 2013-08-05
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