terça-feira, 6 de agosto de 2013

Cansada

Que canseira de pensar
No passado sem retorno
Bailam as origens com pesar
Beijar a mão da tia, não torno

O sabor do feijão à mesa, tão longe!
As gargalhadas das amigas, saudade,
Os sinos da igreja, o convento e o monge
O véu branquinho sobre os cabelos sem idade

Pinheiro de Natal, aroma da criptoméria
O presépio e os pastores vigilantes
Na gruta de pedra, Jesus, José e Maria
Azáfama de limpezas e bolos, dantes!

Pensamentos e saudade, unidos
O sótão com janelinha, a minha cama
Claridade da Lua abençoando quem ama
Um abraço apertado, ternura, tempos idos,

O horizonte tentador, para além do mar
A avenida  e o mar na manhã sossegada
Meus passos somente, liberdade desejada
O desassossego de quem deseja amar

Desenhos líricos no traço do destino
Cores vibrantes pintadas a óleo cristalino
Lagos, flores e uma casinha na serra
Uma camponesa e searas ao vento
Caminhos sem fim na procura da Terra.

 

Ofélia Cabaço
2013-08-06

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