terça-feira, 2 de julho de 2013

Parabéns Maria João

 Querida tia Dinorah,

Escrevo através do computador porque tenho letra de boticário e assim evito terem de se esforçar para descobrirem as minhas palavras.

Estou muito, mas muito agradecida p´los livros que recebi e fiquei orgulhosa da Maria João que foi para mim sempre uma menina muito especial. Vocês foram uns pais maravilhosos e o resultado foi a satisfação no acompanhamento da evolução cultural das vossas filhas. É realmente um orgulho, quando percebemos que criamos seres fantásticos, creio que é uma bênção de Deus, independentemente dos defeitos que possam ter, uma vez que somos seres humanos, e, todos os dias das nossas vidas, erramos nesta ou naquela atitude que eventualmente, tomamos. Falo por mim e p´lo meu filho, que admiramo-nos mutuamente, orgulhamo-nos um do outro, e no entanto, temos algumas desavenças relativamente às questões do quotidiano.
Tia Dinorah, muitos parabéns e ao Sr. João Vieira também pela conduta de suas filhas nesta vida. A avó Gilda, claro que teve grande influência, ainda bem que as pequenas ouviram os seus conselhos e como bem sabemos o tempo é o testemunho da realidade benfazeja de quem nos rodeou e aconselhou. Da minha parte nunca tive ninguém visível que me aconselhasse, mas Deus e a Virgem Maria têm sido os melhores pais do mundo. Daí eu perceber que quando partilhava as minhas alegrias com certas pessoas o feedback era silencioso, invasivo, para não dizer mudo. Até nisso, nós apendemos como lidar com as pessoas. Nunca devemos endeusar ninguém muito especialmente quem não nos merece! Mas as vossas filhas sempre vos tiveram como proteção infinita, bem-haja por tudo isso, são uns grandes pais! Daí os frutos do vosso pomar! Deus vos abençoe.
Tia Dinorah, existem pessoas tão ridiculamente pobres de espirito, que não sentem nem orgulho, nem satisfação por ninguém, e nisso vocês são um exemplo de partilha e admiração por quem merece. O exemplo disso é a amizade que sempre dedicaram à Glória que é considerada e muito bem, um membro da vossa família e fundamentalmente a preocupação da tia Dinorah, em pensar no futuro dela, quando um dia lhe faltar. Isso é de uma grandeza sem limites. Admiro-a muito e não digo com ânimo leve, porque já a conheço o suficiente para afirmar o que digo, e o que é justo.
Acrescento, que não conhecia quase nada desta personalidade José Silvestre Ribeiro e estou encantada por ler mais uma vivência frondosa de um ser que deixou a Portugal raízes que se estenderam para lá do Atlântico. A Maria João é uma artista com alma e coração, Deus a proteja, assim como a todas as outras.
Fiquei tão comovida que, recebendo ainda há pouco os livros, já estou a responder para vos transmitir tudo o que me vai na alma neste momento. Gosto muito de vós. Deus deu-me o dom de poder perceber e diferenciar o trigo do joio. Muitas vezes na minha vida, tentei enaltecer pessoas que eu amo, mesmo percebendo “o avesso” das mesmas, mas chega uma altura em que não mais, vale a pena continuar e isso, tia Dinorah é de um desgosto profundo, quem me manda a mim ser lírica?
Tudo para especificar que as vossas filhas sempre vos tiveram e sempre se orientaram pela sua família, ou seja, os seus pais e avós. Como eu as admiro! Como eu vos considero! Como eu gostaria de ter encontrado na vida, pessoas que gostassem de mim, VERDADEIRAMENTE!
Se chegar um dia a ser velhinha, contarei aos meus netos, estórias de exemplos de pessoas que mais admiro, aí sim, ensiná-los-ei a serem cautelosos, porque não o fiz com o meu filho, apenas porque tinha 17 anos quando ele nasceu e, eu, nem sequer com aquela idade, me tinha encontrado a mim própria. Mesmo assim foi criado com a minha força e todo o amor que um ser pode albergar. Fui, tia Dinorah, uma sobrevivente lutadora, mas não é por isso, que não admiro e venero a inteligência no ser humano. No meu coração não mora, nem nunca morou a inveja, penso que Deus me ajuda a não ter sentimentos destruidores e incapazes de diferenciar a verdade da mentira, a razão e o razoável dos assuntos, a moral e a dimensão das suas vertentes. Passei na minha prova escrita de filosofia com 14, fui a segunda nota mais alta e tenho já 60 anos. Não recebi parabéns de quase ninguém. Por isso a veracidade desta minha escrita em relação a vocês é imensurável! OBRIGADA!
Mais uma vez muito obrigada, fiquei muito feliz.
Um abraço para Sr. João, Glória e para si um apertado abraço de amizade profunda!


 



Ofélia Cabaço

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