domingo, 14 de julho de 2013

Noite

Não há amiga maior que a noite serena,
Entrega-se transpirando aconchego
Espero-a, sentada sob o plátano da arena
Inquieta, despedi-me do sol há que tempo,
Já os grilos entoavam música e ecos
E a noite quente, liberta de ralhos
Vem até mim, acolhedora, complacente
Que beleza e paz duradoira
Em silêncio, ouvimos o restolhar das folhas
Pirilampos iluminam as estevas engomadas
Numa despedida ambígua, condescendente
De choros compulsivos dos parentes
Arrastam-se lentos bichinhos-de-contas
Junto aos meus pés sem mais fitas
E ela, a noite, placidamente sensual
Aconchega-me num cálido instante
Fecho os olhos e deixo-me embalar por tal,
Momentos e desejos dos livros da minha estante
O mundo onde sou feliz e amada!
Natureza minha mãe sagrada
Alberga-me até que venha a geada.

 Ofélia Cabaço


2013-07-13

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