segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Outono

Águas que correm nos rios
Como mulheres perfeitas
Senhoras dum tempo distante
Corpos belos, cabelos brilhantes
Perfis e sorrisos ébrios…

Todo o resto, sombras e pouca alegria,
Impreterível a água fria,
Quando a sede arde no peito
E as águas correm sem jeito,

Ah! O outono,
Pré-existente ao mês nono
Que nos traz farrapos e folhas
Troncos nus e as cores vermelhas…

Que enrubescem sonhos e realidade,
Contemplação, memórias em jazigo
Doirado, e, solitária, a alegria persigo…

E as águas correm nos rios,
Onde irão tão apressadas?
Afugentar, talvez, os demónios (…)



Ofélia Cabaço,
2019-agosto





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