quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Chuva de Outono...

Mal acredito que ouvi a chuva
Espreitei lá fora a frescura das rosas
Vi os botões enfeitados com pérolas
A desprenderem-se dos ramos, na curva,

A buganvília chorava o adeus, generosas
Alfazemas aromatizavam os canteiros
Beleza e sentimento verdadeiros,
E a terra molhada evolando essência...

Como um coração palpitante, descoroada
De louros e apego, descansa obediência,
A Terra...,
Até que as ervas, as daninhas, a desperte
Ruidosamente para um novo combate...

E a Serra, da minha janela a vejo,
Bucólica, enfeitiçada por um diadema de prata
Metamorfose exterior que evoca mistério e ensejo;

Como um sepulcro de efémera ilusão, desata
Numa voz invencível – aqui jaz um coração -
E a chuva para, para que eu oiça esta oração.


Ofélia Cabaço
2016-10-12




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