segunda-feira, 15 de junho de 2015

Chamaste o meu nome...


Dos teus olhos caíram lágrimas em fio
Naquela triste madrugada,
Tua boca fremente, resquício dum prazer
Implorado aos deuses…
Formaram uma agitada corrente no rio
Sob uma densa bruma rosácea se esconderam
Os arautos da buliçosa Primavera, tu,
Com voz rouca e inquieta o meu nome
Chamaste…
E minh´alma escutou a tua, num miserável silêncio
Calei o teu desgosto fingindo não fingir
O teu desejo companheiro do meu,
És dono de mim e grande como a lua no rio
A minha sorte, aquela que busco incessantemente
É a tua figura de herói desbotado que desenhei na mente
O jugo do meu alento, brasão no meu coração,
O passo na minha caminhada… a água que mata a sede
O estio generoso e o outono impávido tu és,
O melhor fruto do meu pomar, o sabor, a cor e a flor,
A minha poesia é a tua imagem que toco ao de leve
E não toco harpa porque a melodia é triste no dia
E nas noites enganadora…
Desejo mal tido, inexorável e indelével
Que me atormenta e me afasta de ti a desoras
Para suplícios e montanhas escarpadas
Ao invés das planícies onde brotam margaridas
E a terra fecunda com cheiro a viço me encanta
És o abrigo que almejo,
Para branquear os meus e teus cabelos…

Ofélia Cabaço
2015-06-15







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