sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Enseada

Aquela pedra grande

Tão pequena para o mar

Rodeada de conchas e pedraria

Confidente de tormentos e choros

Quieta, esbofeteada p´las ondas

Com muito para contar, segredos!

Sentei-me a seu lado, ouvi!

Uma gaivota a troçar, liberta,

Sobrevoava o imenso azul

A pedra murmurava o abandono

Desejava pertença de um dono

De todos, era ninguém

Disse-lhe não saber a quem pertenço

Esqueci-me de onde vim,

Sei apenas para onde fui,

Longe, longe, estou cansada

Não alcancei amor, morri no caminho

Deixei para lá um rio de lágrimas

A sede bebeu-o, morreram os nenúfares!

Ninfas desoladas,

Vou envolver-me numa lágrima, apenas!

Oiço o mar, saboreio o sal da vida,

Deixo-me pentear p´lo vento, carícias,

Encho minha alma com som de sereias

A pedra almofada no meu leito, ajeito-me!

Juntas homenageamos a Poesia,

Ao ritmo de baladas sonoras, as ondas

Abafadas sob longo abraço do mar

A pedra e eu, que nada sei de mim!

 

Ofélia Cabaço   2013-04.26

 

 

 

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