terça-feira, 21 de novembro de 2017

Um Ano Depois Da Tua Morte,

Sem ti, um ano...,
Em cada dia teu sorriso exânime
Saudade..., caminho morno,
Ao Sol peço que me anime
Ainda gostas de margaridas amarelas?
Na tua sepultura uma jarra com elas
Coloquei para ti meu amor...
Sentei-me no mármore frio, mudo, e chorei...
Sempre soube que gostavas de conversar:
Ainda gostas de mim? - perguntei,
No silêncio manso do cemitério,
Uma folhinha balançou – mistério,
Com odor rescendente...,
O meu peito ardente!

Despedi-me...
e disse-te, muito baixinho: Meu Amor,
Voa, voa como as andorinhas na primavera...

Ofélia Cabaço
2017-11-18





O Rio e a Glicínia

No fundo do quintal uma glicínia
Trepava em direção ao rio, Virgínia,
Encantada, contemplava o rio e a glicínia...
Ciciavam fervorosamente ao nascer do dia,
O rio e a glicínia...,

Enchiam o ar de vida e cheiros,
Na tela, Virgínia, pincelava cor magenta
Na ilusão inquieta de transformar o Tempo
Da Vontade, a Esperança tudo aguenta (...)

Tempo de todos, aquele, que um dia se esvai;

Tronco e ramos vestidos de roxo, curvados,
Abriam seus belos braços, estenderam mortificados,
Sobre o rio da água enamorada, as mais belas glicínias;

E porque morrem as flores e a água corre,
O silêncio e o tempo abafam vidas e cheiros...
Neste manto terreno é a Esperança que nos acorre.

Ofélia cabaço
2017-11-20