Tão pequena para o mar
Rodeada de conchas e
pedraria
Confidente de tormentos
e choros
Quieta, esbofeteada
p´las ondas
Com muito para contar,
segredos!
Sentei-me a seu lado,
ouvi!
Uma gaivota a troçar,
liberta,
Sobrevoava o imenso
azul
A pedra murmurava o
abandono
Desejava pertença de um
dono
De todos, era ninguém
Disse-lhe não saber a
quem pertenço
Esqueci-me de onde vim,
Sei apenas para onde
fui,
Longe, longe, estou
cansada
Não alcancei amor,
morri no caminho
Deixei para lá um rio
de lágrimas
A sede bebeu-o,
morreram os nenúfares!
Ninfas desoladas,
Vou envolver-me numa
lágrima, apenas!
Oiço o mar, saboreio o
sal da vida,
Deixo-me pentear p´lo
vento, carícias,
Encho minha alma com
som de sereias
A pedra almofada no meu
leito, ajeito-me!
Juntas homenageamos a Poesia,
Ao ritmo de baladas
sonoras, as ondas
Abafadas sob longo
abraço do mar
A pedra e eu, que nada
sei de mim!
Ofélia Cabaço 2013-04.26