O céu dos Açores é azul Casas brancas com janelinhas Pespontam o mar da minha Terra Barcas flutuam no mar azul Sobrevoam gaivotas vestidas de tule Tons brancos e cinzentos e as nuvens, Asas e danças dali ao infinito Silhuetas, sei lá de quem, vagueiam O mar, Ondas agitadas cegam olhares As promessas incertas navegam Decerto ficam a morar no firmamento Envergonhadas como almas devedoras! Nos vales dos céus, eu vivi um dia Era imenso o espaço com açucenas e Paz Havia um manto azul que me cobria Também harmonia e o Deus capaz, À porta do céu estava uma barca, alva, Trazia mil silhuetas, sei lá quem eram, Chuva de açucenas e asas imensas Aromas e cânticos, seus prantos calaram.
Queria tanto ser artista Pisar o palco para ti Contar emoções que senti Nos sonhos em que foste altruísta
Fala meu amor, tu existes, No meu palco nunca te ouvi Oiço cânticos nas noites tristes É a cotovia que me desperta
E o vento que me faz bater o coração Sussurra, como quem me enlouquece! Num retumbante de ilusões e quimeras Aperto os lábios trémulos, recordação,
Minha alma desinquieta, a cismar Oro à deusa dos rios e do mar Peço-lhe cascatas das suas águas Num turbilhão de sons e música
Canções cristalinas e lembranças tuas, E a tua ausência que me torna tísica, Passa por mim e a minha dor transporta À noite dorme na soleira da tua porta
Como uma douda insiste na minha doudeira As cortinas descem, no silêncio costumeiro A tua voz balbucia palavras dissolúveis Sozinha no palco como um romeiro, Vislumbro caminhos voláteis.