O céu dos Açores é azul
Casas brancas com janelinhas
Pespontam o mar da minha Terra
Barcas flutuam no mar azul
Sobrevoam gaivotas vestidas de tule
Tons brancos e cinzentos e as nuvens,
Asas e danças dali ao infinito
Silhuetas, sei lá de quem, vagueiam
O mar,
Ondas agitadas cegam olhares
As promessas incertas navegam
Decerto ficam a morar no firmamento
Envergonhadas como almas devedoras!
Nos vales dos céus, eu vivi um dia
Era imenso o espaço com açucenas e Paz
Havia um manto azul que me cobria
Também harmonia e o Deus capaz,
À porta do céu estava uma barca, alva,
Trazia mil silhuetas, sei lá quem eram,
Chuva de açucenas e asas imensas
Aromas e cânticos, seus prantos calaram.
Ofélia Cabaço
2013-11-01
Queria tanto ser artista
Pisar o palco para ti
Contar emoções que senti
Nos sonhos em que foste altruísta
Fala meu amor, tu existes,
No meu palco nunca te ouvi
Oiço cânticos nas noites tristes
É a cotovia que me desperta
E o vento que me faz bater o coração
Sussurra, como quem me enlouquece!
Num retumbante de ilusões e quimeras
Aperto os lábios trémulos, recordação,
Minha alma desinquieta, a cismar
Oro à deusa dos rios e do mar
Peço-lhe cascatas das suas águas
Num turbilhão de sons e música
Canções cristalinas e lembranças tuas,
E a tua ausência que me torna tísica,
Passa por mim e a minha dor transporta
À noite dorme na soleira da tua porta
Como uma douda insiste na minha doudeira
As cortinas descem, no silêncio costumeiro
A tua voz balbucia palavras dissolúveis
Sozinha no palco como um romeiro,
Vislumbro caminhos voláteis.
Ofélia Cabaço
2013-11-02