segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Efémero,

Oh!, abelha por quem sois
No meu quintal eu te quisera
Não enfades os girassóis
E suga as flores de cera;

Não deixes que se intrometam os besouros
Ah! pois, eles mordem e são negros...
Borboleta minha amiga, poisada na japoneira
Nesta tarde de outono, és minha companheira.

Ofélia Cabaço

2016-10-31


Sintra Sonhadora

A imensa serra contemplo
neblinas e nuvens densas
vestida de névoa violácea
mística, inspiração e templo
altar dum passado áureo;

Sintra e os seus amantes
d´oiro foram suas mentes
quantas estórias da História,
emerge do fantástico, aporia...
Sonhos desfeitos, ninhos feitos
amores perfeitos para os de peito...

Contudo a meus pés há um vaso,
é de barro a sua forma por acaso
criou a terra nele contida, uma só orquídea,
enlaçada por frágeis violetas,
animação minha e das borboletas
tão belas são para os poetas;

Sintra e seus amantes
vestida de névoa violácea

arco íris, amores e ilusões
poesia em cada canto, quimeras,
famosas e ardentes primaveras
onde o amor se insinua em nossos corações;


Ofélia Cabaço
2016-01-05



segunda-feira, 24 de outubro de 2016

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Sentir Poesia...

É ter sentimento, alma e deslumbre
aquele, que em momentos se torna etéreo,
é erva que nasce e floresce no rude campo
é como relâmpago fugidio, a poesia,
que o artista sente em cada instante...
a vida não se segura na mão, a fantasia
permanece enquanto vida...

Poeta é ser terra, jardim e flor,
é fazer do monte áspero suave brisa
é erguer seu contentamento, realização
sua sem qualquer instrumentalização,

A arte em si, é contemplação,
não existem vendilhões no templo da sua edificação,
arte é sentimento, êxtase, beleza, fealdade, harmonia,
momento artístico é único, não volta!
como a água corrente não torna à nascente,

Poema sem alma é surdo e mudo,
comparável ao cacho que perdeu suas uvas,
é vazio, obsoleto...
não é poeta quem quer,
não é anelo, nem representação, nem comédia...
É Ser-se desde que se nasce, Poeta!

Ofélia Cabaço
2017-10-14


...Oh, quem nunca o seu pão em dor comeu,
Quem as horas da noite não passou
Em lágrimas à espera da manhã,
Potencias celestiais não vos conhece.”

GHOETE



quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Chuva de Outono...

Mal acredito que ouvi a chuva
Espreitei lá fora a frescura das rosas
Vi os botões enfeitados com pérolas
A desprenderem-se dos ramos, na curva,

A buganvília chorava o adeus, generosas
Alfazemas aromatizavam os canteiros
Beleza e sentimento verdadeiros,
E a terra molhada evolando essência...

Como um coração palpitante, descoroada
De louros e apego, descansa obediência,
A Terra...,
Até que as ervas, as daninhas, a desperte
Ruidosamente para um novo combate...

E a Serra, da minha janela a vejo,
Bucólica, enfeitiçada por um diadema de prata
Metamorfose exterior que evoca mistério e ensejo;

Como um sepulcro de efémera ilusão, desata
Numa voz invencível – aqui jaz um coração -
E a chuva para, para que eu oiça esta oração.


Ofélia Cabaço
2016-10-12




terça-feira, 11 de outubro de 2016

Eu Era Feliz,

Quando brincava nos campos
Correndo e colhendo lírios
O meu coração felicidade era,
Nuvens desfilavam airosas num tempo glorioso,
De repente, cavalos com cabelos brancos
Galopavam num firmamento harmonioso;

Sentada num tronco pendido
À beira rio perdido,
Eu arquitetava o corredor dos meus sonhos
Diziam-me que as árvores e as flores não falam
E que nem os pássaros me conheciam,
Não era verdade!
Murmuravam de mim se não fora piedade
E me chamaram camarada,
Naquilo que os outros pensavam ser tarada (…)
Sou como as nuvens ondulantes
Sonhando como seria o mundo antes
Meus cabelos, inda não eram brancos,
Sem susto, encaro a geada e a minha imagem,
Como os campos e as plantas datam linhagem;

Águas correm das fontes,
Nos jardins brotam belas flores
No firmamento brilham os astros
Fico só, no corredor dos meus sonhos, outros
São os campos e as plantas...,
Que me cantam sem regras e sem pautas.


Ofélia Cabaço
2016-09-11



domingo, 9 de outubro de 2016

Não Se Colhem Uvas Das Silvas...

Não foi a colher flores
e guardá-las para grinalda
Não foi volição nem amor
escondido numa toca,
Nem sorrisos em rosada boca
que desci ao caminho terreno
Fui, por toda a vida, incómodo;

A maçã é odorífica
Eva pecou dentando uma,
É ideia que fica...

Sei que me vestiram de melancolia
Obrigaram-me a temer o passo...
Em mim, e em dias como este,
Memórias de ontem, e de hoje,
são recordações funéreas...
Dilaceram minh´alma, e sustentam dor...

Ofélia Cabaço
2016-10-09